Estória ou história - qual o correto?

A velha história sobre os termos estória e história ainda se repete.
A grafia estória teria existido na época medieval ao lado de “istória”, intermediada pelo termo hestoria, quando não havia ainda grafia oficial para os vocábulos. Segundo o professor Diogo Arrais, o dicionário Houaiss registra “estória” datando-se do século XIII e correspondendo ao mesmo que “história”: narrativa de cunho popular e tradicional; história. Houaiss registra que o termo provém da forma inglesa “story”: narrativa, em prosa ou verso, fictícia ou não, com o objetivo de divertir/instruir o leitor, da forma latina “historia,ae”.

Ocorre que, em 1919, um gramático da Academia Brasileira de Letras, João Ribeiro, propõe a distinção entre os dois termos para diferenciar os contos infantis, ou de natureza não real, dos fatos considerados reais, assim, oficializaria os termos: estória e história. Essa questão, então, passa a ser um fenômeno linguístico denominado brasileirismo, pois o fato não constou em Portugal. Porém, aqui também, nem todos admitiram a nova forma. Assim, esses dois termos conviveram, possivelmente, se confundindo, até que a reforma ortográfica de 1943 propõe acabar com a distinção gráfica ao adotar a forma única ‘história’ para as duas situações: realidade ou ficção. E é nesse conceito que encontramos registros nos dicionários mais usados no Brasil.

Assim, diversos sites de língua portuguesa e dicionários são unânimes em dizer que os dois vocábulos se confundem no mesmo conceito – narrativa em prosa ou verso, fictícia ou não – tudo se resume em ‘história’. No Larousse Cultural, o termo ‘estória’ corresponde a história, idem em Caldas Aulete, idem em Aurélio.

No entanto, alguns autores adotaram a diferença entre os termos. Por exemplo, Mia Couto, Guimarães Rosa e outros. Recentemente, em entrevista à EPTV comunidade, Campinas, o consagrado autor, Rubem Alves, por ocasião da última reforma ortográfica, lamenta o uso indiscriminado entre os dois termos, condena radicalmente a reforma que os unificou, comparando-os à semelhança entre um abacaxi e uma sandália havaiana. Porém, no dizer do próprio autor “a memória não carrega peso inútil”, assim, acreditamos que a força da língua falada norteará essa questão.

Recomendamos a leitura deste artigo: A triste história de estória.

fontes consultadas:
http://webnota10.blogspot.com.br/2009/07/estoria-ou-historia-qual-o-correto.html
http://wp.clicrbs.com.br/sualingua/2009/05/06/a-triste-historia-de-estoria/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Est%C3%B3ria {: cite=recuo.lpeu}

Professora de Língua Portuguesa - Glória E. Galli - Formação - Letras na UNAERP e Mestrado em Linguística pela UFSCar
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