Adjunto adverbial

Sobre adjuntos adverbiais

É possível estudar a estrutura da língua portuguesa pela frase. No entanto, quando se trata de sentido, a frase não dá conta de fornecer dados suficientes, é preciso ir para o texto, e algumas vezes, até além do texto. O objetivo deste pequeno artigo é reconhecer, nas frases, os termos que funcionam como adjunto adverbial.

Adjuntos Adverbiais

Um modo fácil de (re)conhecer os adjuntos adverbiais é pela teoria de Lucien Tesnière, linguista francês, que considerava a frase um pequeno drama, onde o 'enredo' é representado pelo 'verbo'; os atores são os argumentos amarrados pelo verbo (o sujeito gramatical e os complementos verbais); e, como todo drama, teria acontecimento em algum lugar ou de alguma forma, o que Tesniére chamou de 'circunstantes'. Os circunstantes correspondem ao adjuntos adverbiais. Exemplo:

Apresenta-se a frase (o drama):

“Tajapanema chorou no terreiro”

  • o enredo: chorou (verbo chorar);
  • atores: Tajapanema (apenas um - o sujeito gramatical);
  • local onde ocorreu o drama: no terreiro (o adjunto adverbial)

Como a gramática tradicional vê esta questão:
Tajapanema chorou no terreiro.”

  • sujeito simples: Tajapanema;
  • predicado verbal: chorou no terreiro;
  • núcleo do predicado: chorou (VI - verbo intransitivo - não precisa de complemento);
  • adjunto adverbial: no terreiro. ( o adjunto adverbial expressa o modo, a circunstância)

Por outra definição, podemos dizer que o adjunto adverbial é uma função exercida por um termo que modifica o verbo, o adjetivo e o próprio advérbio. Pode ser representada pelas seguintes categorias gramaticais:

por um advérbio: «Joana não está aqui

por uma locução adverbial:
«Joana fez a prova na secretaria

por uma oração adverbial:
«Mesmo não querendo, ela fez a prova na secretaria.»

Exemplos de adjuntos adverbiais (grifados):

«Além de bonita, é a primeira aluna da classe.» (acréscimo)
«Talvez ele queira ficar para dormir.» (dúvida)
«Ele nos visitava frequentemente.» (frequência)
«Sim, ele nos visitou ontem.» (afirmação)
«Paula mora no campo.» (de lugar)
«Sem persistência, não há aprendizado.» (condição)
«Por cem mil reais, ele vende aquela casa!» (preço)
«Amanhã à noite iremos ao cinema.» (tempo)
«Não quero renovar a assinatura do jornal.» (negação)
«Há dez anos não o vejo.» (tempo e negação)
«As pessoas pensam que nunca o amor acaba.» (negação)
«O elefante vive cem anos.» (de tempo)
«Ele mora em Campinas.» (de lugar)

Exemplos de orações que têm a função de adjuntos adverbiais (grifados):
(estas são orações subordinadas adverbiais). Exemplos:

«Quanto mais estudo, mais sei que nada sei.» (adverbial proporcional)
«Não fui à aula porque estava resfriada.» (adverbial causal)
«Ele mente mais que o homem da cobra.» (adverbial comparativa)
«A mãe se cansa para que os filhos descansem.» (adverbial final)
«Quando o inverno chegar, iremos ao festival.» (adverbial temporal)
«Andou tanto, que não aguentava subir as escadas.» (adverbial consecutiva)
«Se ele vier, não ficarei aqui.» (adverbial condicional)
«Embora você não me diga, descobrirei onde vive.» (adverbial concessiva)
«Os meninos fizeram o desenho, conforme o professor pediu.» (adverbial conformativa)

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Professora de Língua Portuguesa - Glória E. Galli - Formação - Letras na UNAERP e Mestrado em Linguística pela UFSCar
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