Há tempos verbais específicos para representar o mundo narrado e para o mundo comentado: no mundo narrado predominam os tempos do passado e no mundo comentado, os tempos do presente. Quando usamos tempos do mundo narrado no mundo comentado, ou vice-versa, temos um efeito diferente nos comentários: na primeira hipótese, há um afrouxamento das expressões e enunciados e no segundo, há um maior comprometimento do enunciador. A esse fenômeno puramente elocucional, chama-se metáfora temporal. Por exemplo, uma notícia de jornal:
Contra-Ataque
O ministro boliviano da Presidência, Juan Ramón Quintana, afirmou que a Bolívia está às portas de um “verdadeiro golpe de Estado contra a ordem constitucional” para derrubar o governo.
(fonte: Jornal A Cidade. Brasil/Mundo. A11. 08/08/2008) {: cite=recuo.lpeu}
A mesma notícia terá uma conotação menos comprometida se usarmos os tempos do pretérito. O comprometimento do enunciador fica mais leve:
Contra-Ataque
O ministro boliviano da Presidência, Juan Ramón Quintana, teria afirmado que a Bolívia estaria às portas de um “verdadeiro golpe de Estado contra a ordem constitucional” para derrubar o governo.