Cordel

Gênero - Cordel

A literatura de cordel é um gênero de texto que nasceu em Portugal no século XVI. Eram manuscritos em folhas soltas que expressavam a literatura oral das cantigas dos trovadores e circulavam nas praças, romarias, feiras, ruas. Denominados ‘cordel’ pela sua forma de exposição - folhetos pendurados em cordas ou barbantes. O cordel foi introduzido no Brasil pelos portugueses no século XVIII e instalou-se no nordeste brasileiro, principalmente em Pernambuco, Ceará, Alagoas e Sergipe. Alguns escritores brasileiros foram muito influenciados pelo cordel: João Cabral de Melo, Ariano Suassuna, José Lins do Rego e Guimarães Rosa.

Características do gênero:

  • Expresso por narrativas escritas em versos, com ilustrações feitas em xilogravura, em papel jornal, conhecido também como folheto;
  • Linguagem simples, estrutura em versos, muita rima, são fáceis de serem memorizados e por isso cantados em forma de improvisação diante da clientela;
  • É um grande registro do folclore brasileiro por seu caráter oralizante;
  • Tematiza o interesse popular com histórias de amor, acontecimentos e fatos da história popular;
  • Registram o mito, o lendário, o sobrenatural e críticas sociais e políticas;
  • Sempre há um herói que, com astúcia, vence a problemática;
  • A problemática, vencida pela astúcia, é o ponto forte do cordel.

No geral, os textos são vendidos pelos seus próprios autores. Atualmente, apesar de haver um declínio na circulação desse gênero, há produções mais modernas, feitas por computadores.
Destacam-se entre seus autores consagrados: Leandro Gomes de Barros, Joao Martins de Athayde, Rodolfo Cavalcante e Cordeiro Manso. Minelvino Fco da Silva, Homero do Rego Barros, Patativa do Assaré, José Alves Sobrinho, Valeriano Félix dos Santos.

Segue para ilustração do gênero cordel a última estrofe do poema intitulado
CANTE LÁ QUE EU CANTO CÁ,
do grande poeta brasileiro, Patativa do Assaré.

Aqui findo esta verdade
Toda cheia de razão:
Fique na sua cidade
Que eu fico no meu sertão.
Já lhe mostrei um ispeio,
Já lhe dei grande conseio
Que você deve tomá.
Por favô, não mexa aqui,
Que eu também não mêxo aí,
Cante lá que eu canto cá.

Outros excertos de poemas repentistas:

O ASSASSINO DA HONRA,
de Caetano Cosme Silva

"O mau não é perseguido
o justo sofre demais
onde reina a união
tem inveja o satanaz
portanto conto o passado
de uns cem anos atrás."

PROEZAS DE JOÃO GRILO,
de João Martins de Athayde

João Grilo foi um cristão
que nasceu antes do dia,
criou-se sem formosura,
mas tinha sabedoria
e morreu depois da hora
pelas artes que fazia.
[…]

VIAGEM AO PAÍS DE SÃO SARUÊ,
de Manoel Camilo dos Santos

[...] "Os peixes lá são tão mansos
com o povo acostumados
saem do mar vem pras casas
são grandes, gordos e cevados
é só pegar e comer
pois todos vivem guisados."

HISTÓRIA DO PAPAGAIO MISTERIOSO,
de Luis da Costa Pinheiro

[...]"Eu sou a mãe do feitiço
ninguém me pode vencer
para me subjugar
só existe um poder
fora deste eu garanto
faço o que quizer fazer."

Fontes consultadas:
• Educação de Jovens e Adultos. Ensino Fundamental. Volume único. Editora Educarte. 2006
• Ver também em: http://www.estudopratico.com.br/literatura-de-cordel/
• Patativa do Assaré – LETRAS.MUS.BR. Disponível em: https://www.letras.mus.br/patativa-do-assare/
• UOL Educação . Pesquisa Escolar disponível em: http://educacao.uol.com.br/disciplinas/cultura-brasileira/literatura-de-cordel-2-proezas-de-joao-grilo.htm {: cite=recuo.lpeu}

Professora de Língua Portuguesa - Glória E. Galli - Formação - Letras na UNAERP e Mestrado em Linguística pela UFSCar
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