Na visão da gramática tradicional, dentro das frases pode-se estudar toda a gramática de uma língua. Nesta visão, convencionou-se que os termos da oração fossem classificados em: essenciais, integrantes e acessórios.
Os essenciais: sujeito, predicado.
Os integrantes: complemento verbal, complemento nominal, agente da voz passiva.
Os acessórios: adjunto adverbial, adjunto adnominal, aposto.
Ao lado desses, estaria o vocativo, que não pertence nem ao sujeito nem ao predicado.
nota:
A questão do que seria 'integrante' e 'acessório' também é discutida. Acrescenta-se que alguns segmentos gramaticais admitem outras classificações.
Entre eles:
Sujeito, predicado, vocativo.
Termos associados ao verbo:
(objeto direto, objeto indireto, agente da passiva e adjunto adverbial)
Termos associados ao nome:
(predicativo do sujeito, predicativo do objeto, complemento nominal, adjunto adnominal e aposto).
A dicotomia sujeito e predicado tem sua origem no grego: na filosofia e lógica gregas. Aristóteles (384-322 a.C) adota em referência ao sujeito e ao predicado, respectivamente, os termos ônoma (nome) e rhêma (verbo). Portanto, essas noções, que tiveram suas bases nas reflexões filosóficas dos gregos antigos, sob a forma de premissas e conclusões, deram origem ao pensamento do homem ocidental, que se acostumou a relacionar dados conhecidos e deles tirar deduções.
Foram os alexandrinos, que continuaram o trabalho dos estóicos, acabaram por codificar em termos mais ou menos definitivos o que se conhece como gramática “tradicional” grega. Foram eles que estabeleceram os “cânones”, paradigmas, de flexão.
Foi assim e sempre será?
A melhor maneira é estudá-la no nível do seu uso: compreendendo o significado das palavras, sua sintaxe, compreender o que se pretende enunciar e como enunciar. As palavras não estão jogadas numa frase – elas obedecem uma ordem estabelecida pela língua, há uma hierarquia entre elas, sem a qual, o enunciado não teria sentido. Identificar o verbo na frase, já é um bom começo.
Geralmente, o verbo estabelece uma conexão direta com o sujeito e o predicado,do qual, ele sempre é o núcleo. Pode ocorrer que apenas ele encerre todo o sentido da frase, não necessitando de sujeito nem de complemento. Neste caso, a gramática diz que ocorreu uma oração sem sujeito:
Amanheceu.
Chove.
Quando o sujeito está claro, expresso, ele pode ser formado de uma palavra, ou sujeito simples:
«Lara vende roupas.»
Mais de uma palavra, ou sujeito composto:
«Lara e Luana vendem roupas.»
Algumas vezes, o sujeito é determinado por outras fontes, por exemplo, pela terminação verbal. Neste caso, a desinência verbal é quem vai apontar para o sujeito (eu). Então, diz-se que o sujeito está oculto, elíptico, porém, está claro, facilmente determinável.
«Comprei um sorvete.»
Também é considerado sujeito simples, quando houver ou verbo TD (transitivo direto) acompanhado da partícula apassivadora 'se', numa frase em que possa ser transformada na voz passiva:
«Mudaram-se as regras do jogo.» (= As regras do jogo foram mudadas.)
«Aluga-se casa na praia.» (= Casa na praia é alugada.)
«Compram-se jornais.» (= Jornais são comprados.)
«Começaram as aulas.» (= As aulas começaram. (v. processo, sujeito paciente não-animado)
«Compraram as lojas.» (= As lojas foram compradas.)
nota:
Todas as frases acima permitiram a identificação do sujeito quando transformadas em voz passiva. Todas com sujeito simples.
Neste caso, a terminação verbal é insuficiente para determinar o sujeito. Por exemplo, uma frase com o verbo na 3ª pessoa do plural, sem que haja uma referenciação antes ou depois, fica impossível de determinar o sujeito:
«Levaram 3 mil em dinheiro e duas câmeras digitais.» (Quem levou? - Não se sabe.)
Outros casos de indeterminação do sujeito: verbos na 3ª pessoa do singular acompanhados da partícula se (qualquer tipo de verbo excetuando-se os transitivos diretos:
Com verbo intransitivo (VI) - 3ª pessoa singular mais a partícula se:
«Vive-se bem no interior do país. Quem vive? - Não se sabe.
«Estuda-se muito nesta escola. Quem estuda? - Não se sabe.
Com verbo de ligação (VL) - 3ª pessoa do singular mais a partícula se:
«Era-se feliz e não sabia. Quem era feliz? - Não se sabe.
«Esta-se preocupado. Quem está? - Não se sabe.
Com verbo transitivo indireto (VTDI) - 3ª pessoa do singular mais partícula se:
«Precisa-se de costureiras. Quem precisa? - Não se sabe.
«Necessita-se de encanadores. Quem necessita? - Não se sabe.
Mais exemplos
a) Verbo na 3ª pes. plural, sem referenciação antes ou depois:
«Continuaram a rebelião, não se sabe porquê.»
«Levaram tudo, ela foi literalmente roubada.»
«Roubaram a minha pasta.»
«Mataram dois porcos.»
«Gritaram o nome do senador.
«Esqueceram-se de mim.»
«Disseram que amanhã não haverá aula.»
«Resolveram todas as questões em meia hora.»
«Trataram-no de árabe.»
b) Verbo (VTDI) na 3ª pes. singular + 'se' (índ. indet. sujeito):
«Precisa-se de ajuda.» (frase na voz ativa)
«Precisa-se de empregados.»
«Falou-se de cidadania o tempo todo.»
«Crê-se em Deus.»
«Necessita-se de melhores oportunidades.»
«Vende-se a baixo custo.»(sentido trans.indireto)
«Não se gosta de quem fala a verdade.»
c) Verbo ligação (VL) na 3ª pes. sing. + 'se' (índice de indeterminação do sujeito):
«Não se é ministro, se está ministro.»
«Aqui se é feliz.»
«Não se vive sem água.»
d) Verbo intransitivo (VI) na 3ª pes. sing. + 'se' (índ. indet. sujeito):
«Trabalha-se com máquinas pesadas.»
«Vive-se bem em Curitiba.»
«Não se entrava naquela casa.»
É um tipo de sujeito determinado, mas que só é identificável pelo contexto ou pela terminação verbal:
«Nunca me esqueci de você.» (elíptico: eu)
«Queixas em vão.» (elíptico: tu)
«Quando jovem, foi cortejado de muitas mulheres.» (elíptico: ele)
«A cada meia hora sorria um sorriso triste.» (elíptico: ele/ ela)
«Irei ao congresso em julho.» (elíptico: eu)
«Era ao anoitecer.» (estado ambiental)
«Chove no meu coração.» (uso metafórico de 'chove')
«Está fazendo um calor horrível.» (fenômeno da natureza)
«Há uma tristeza no seu olhar.» (haver = existir)
«Deve haver muitas frutas na geladeira.» (locução verbal)
«Estava quente.»
«Fazia calor.»
«Não chovia mais.»
Ver Sujeitos
Saiba também:
Com o verbo haver, no sentido de 'ter' gera uma oração sem sujeito e o complemento é OD (objeto direto):
«Há leões na África.» (leões = OD) (na África = adj.adverbial)