Verbos de estado

Características de um verbo de estado:

Expressam uma propriedade de uma condição ou de uma situação localizada no sujeito: apresentam situações não dinâmicas, pois os envolvidos no processo verbal não sofrem qualquer alteração - por essa razão o argumento desse verbo é inativo: «A caixa mede 12cm x 6cm x 4cm.»

O sujeito desse verbo funciona como suporte de propriedades ( estado/condição/posse), sendo, portanto, ou beneficiário ou experimentador da ação verbal. O argumento que representa o sujeito desse verbo não é agente, nem causativo, nem paciente. Esses verbos são chamados estativos. Exemplos: verbos permanecer, ter, amar etc.

Algumas pessoas perguntam como reconhecer um verbo de estado.

  • Pelo sentido. Pelo aspecto verbal. É nesse sentido que vamos reconhecer um verbo de estado. O aspecto de um verbo de estado é durativo, ele pode indicar um aspecto existencial (de vivência, existência), um aspecto locativo (de lugar), um aspecto de conhecimento, de percepção, de subjetividade, um aspecto de experimentação da coisa anunciada, enfim, diz a gramática que um verbo de estado indica uma qualidade, um estado, uma situação. Por exemplo:

«Janete veste-se muito bem.»
veste-se (= bom gosto)

No sentido de bom gosto, indicando hábito/costume, o verbo vestir-se corresponde a verbo de estado. Mas, se fosse:

«Janete veste-se muito bem.»
veste-se (= dinamicidade)

No sentido de dinamicidade, no ato de vestir-se, corresponde a verbo de ação.

Outros exemplos de verbos de estado:

«Mario permaneceu em silêncio.»
«Maria tem três filhos.»
«Mario ama Teresa.» «Leo está triste.»
«Esta rua mede 2 km.» (com especificador)
«Maria traz sempre uma bolsa nos ombros.» (dois complementos)
«A igreja situa-se na praça.»
«Núvens assustadoras negrejam no horizonte.»
«Nara anda preocupada.»
«As corrupções sempre existiram.»

São muitos os verbos estativos:

Verbos existenciais:
Haver, existir, ser (no sentido existencial). Verbos existenciais selecionam um argumento - Tema:
«Os Fantasmas não existem.»
(os fantasmas - tema)
«Deus é.»
(Deus - argumento)
(Exemplos Mira Mateus. p.194. 2004)

Verbos locativos:
Dois lugares: com um argumento Tema e um Locativo:
«O João mora em Lisboa.»
(O João - tema) (em Lisboa - Locativo).
«Ema residiu em Paris.»
(Ema - tema)(em Paris - locativo)

Verbos epistêmicos:
Dois lugares: com um argumento Experienciador e um Tema:
«Maria sabe alemão.»
(Maria - experienciador)(alemão - tema)

Verbos perceptivos:
Dois lugares: com um argumento Experienciador e um Tema:
«A criança não viu o carro.»
(A criança - experienciador)(o carro - tema)

Verbos psicológicos:
Não causativos:
«Luana gosta de chocolates.»
(Luana - experimentador)(chocolates - tema)

Verbos copulativos:
Os verbos de estado que compõem predicativos são chamados copulativos: ser, estar, permanecer, ficar, etc. Os linguistas preferem dizer que o sujeito de uma frase copulativa não é argumento do verbo copulativo:
«Maria é dona de uma loja de cosméticos.»
«Marta anda triste.»

nota:
Verbos, tradicionalmente reconhecidos como transitivos diretos, podem estar nas frases com o sentido de um verbo de estado. Basta que investiguemos a ação duradoura. Por exemplo:
(1)«Maria gosta do João.»
(2)«Luiz sabe Esperanto.»
(3)«João não vê as coisas como elas são.»

Consulta:

BORBA,F.S.et alii.Dicionário Gramatical de Verbos.São Paulo:Editora UNESP,1990.
MIRA MATHEUS,M.H.et all. Gramática da Língua Portuguesa. 6.ed.Lisboa:Caminho, 2004. {: class=recuo.lpeu}

Professora de Língua Portuguesa - Glória E. Galli - Formação - Letras na UNAERP e Mestrado em Linguística pela UFSCar
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