Simbolismo

SIMBOLISMO (1893- 1902)

  • Contexto histórico

Os primeiros países que se desenvolveram com o capitalismo usavam a exploração da mão-de-obra dos povos menos desenvolvidos – foi a época do chamado Império econômico. A classe trabalhadora ficava cada vez mais na miséria e por isso cresciam as revoltas sociais. Há uma onda de desilusão entre os movimentos artísticos e culturais contra o que se esperava do racionalismo e da ciência; a crise mundial leva o escritor a um estado decadente, a um desencanto com tudo. Agora há uma busca pelo subjetivismo, pelo íntimo do ser. O Simbolismo, tal qual o Romantismo, reage pois contra as manifestações racionalistas, porém com uma diferença: busca a transcendência cósmica, o espiritualismo, procura explorar a sentimento mas não o sentimentalismo.

O movimento simbolista tem origem na França com Baudelaire, Rimbaud, Verlaine:

[...] “A Natureza é um templo vivo em que os pilares
Deixam filtrar não raro insólitos enredos;
O homem o cruza em meio a um bosque de segredos
Que ali o espreitam com seus olhos familiares. {: class=recuo.lpeu}

Características do Simbolismo

  • Sugere a realidade ao invés de representá-la. Para isso, usa símbolos, imagens, metáforas, sinestesias, aliterações, assonância, cores. Observe a metáfora que constitui o 3º e 4º versos da estrofe acima:

« O homem o cruza em meio a um bosque de segredos / Que ali o espreitam com seus olhos familiares.

Exemplo de aliteração (repetição de consoantes) e assonância (repetição das mesmas vogais):

[...] “Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.
...( Cruz e Sousa. Violões que choram) {: class=recuo.lpeu}

  • Evoca subjetividade: sentimentos e emoções, porém sem sentimentalismos e sim traduzindo a realidade de alma do poeta:

[...] “Tenho sonhos cruéis, n’alma doente
Sinto um vago receio prematuro.
Vou a medo na aresta do futuro,
Embebido em saudades do presente...
...(Camilo Pessanha.Caminho.) {: class=recuo.lpeu}

  • O Simbolismo quer a formalidade tal qual o Parnasianismo, porém de forma subentendida, por símbolo, por sugestões sensoriais, daí dizer que predomina a emoção; uso de sinestesia (mistura de sensações):

Como ecos lentos que a distância se matizam
Numa vertiginosa e lúgubre unidade,
Tão vasta quanto a noite e quanto a claridade,
Os sons, as cores e os perfumes se harmonizam.
... (Charles Baudelaire. Correspondências) {: class=recuo.lpeu}

  • Valorização da musicalidade na poesia tornando-os doce:

[...] ”Derrama luz e cânticos e poemas
no verso, e torna-o musical e doce,
como se o coração nessas supremas
estrofes, puro e diluído fosse.
... (Cruz e Sousa) {: class=recuo.lpeu}

  • Evoca rituais religiosos, misticismo, espiritualismo: incenso, altares, cânticos, arcanjos, salmos:

[...] O ser que é ser e que jamais vacila
Nas guerras imortais entra sem susto,
Leva consigo este brasão augusto
Do grande amor, da grande fé tranquila.
... ( Cruz e Sousa. Sorriso Interior) {: class=recuo.lpeu}

outro exemplo:

[...] "A música da Morte, a nebulosa,
estranha, imensa música sombria,
passa a tremer pela minh’alma e fria
gela, fica a tremer, maravilhosa...
(Cruz e Sousa. Música da morte) {: class=recuo.lpeu}

  • Exploração de Temas subjetivos: destino, morte, sonho, imaginação etc.:

[...] Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
... (Alphonsus de Guimaraes. Ismália) {: class=recuo.lpeu}

  • Conceitua a mulher de forma vaga, imprecisa, como figura etérea; na pintura, abordagem vaga no subjetivismo (impressionismo)

No Brasil

O Simbolismo no Brasil restringiu-se a poucos escritores. Não teve, por isso, penetração em grandes círculos, consequentemente, não combateu o Parnasianismo. Sua característica dominante foi o movimento antirracionalista. Principais autores: Cruz e Sousa, Alphonsus de Guimaraes; Pedro Kilkerry.

[...] ”Lua das noites pálidas! Alheia
Ao sofrimento humano, segues no alto...
Ao ouvir-te as baladas de sereia,
Soluçam corações em sobressalto,”
... (Alphonsus de Guimarães) {: class=recuo.lpeu}

[...] ”Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigêneses da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
... (Augusto dos Anjos. Psicologia de um vencido) {: class=recuo.lpeu}

Professora de Língua Portuguesa - Glória E. Galli - Formação - Letras na UNAERP e Mestrado em Linguística pela UFSCar
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