Narrativa - novas ações e novas acomodações

Compreendendo um texto narrativo. Tomamos excertos do texto Nasce um marinheiro. (extraído do obra Daniel Defoe. Robson Crusoé.(adaptação de Werner Zotz).São Paulo:Scipione. 2001.(p.9-11)

A partir do 6º momento o ciclo de ações e acomodações começam a se repetir. Observa-se que as ações dos sujeitos agentes são marcadas por verbos de ação e as mudanças por verbos de processo, e após cada mudança (transformação) ocorre uma acomodação, geralmente marcada por verbos de estado.

No texto que estamos trabalhando, houve a apresentação do cenário, ocorreram ações envolvendo o personagem central,uma tomada de consciência e depois uma acomodação; a partir desse momento, as coisas começam a se repetir: o personagem que tanto desejava conhecer a vida no mar, sentia-se preparado para essa vida. O navio havia ancorado à espera do vento, mas, este surpreeende pela violência com que aparece:

Relendo o trecho:

[..] Outros navios vieram para ao nosso lado. Quando ele surgiu,veio com intensidade muito maior do que a desejada: não era vento,    mas sim uma nova tempestade. Muito perto de nós, dois navios  perderam   seus mastros.Os vagalhões cresciam...  lambiam o convés de proa    a popa.   A âncora rolava de um lugar para outro, impotente.O madeiramerangia,... O terror e o medo estamparam-se nos rostos dos marujos edo capitão.

Novamente ocorre uma mudança, ou seja, uma transformação marcada por um dos verbos de processo: descobriu-se. Essa mudança obrigou os personagens a realizar novas ações. Vejamos o texto:

(...) No segundo dia, descobriu-se um grande rombo no porão. De nada estavam valendo nossos esforços desesperados. A água bombeada para fora era sempre em menor quantidade do que aquela que forçava passagem para o interior do navio. Ouviram-se então tiros de canhão: era o    sinal do capitão pedindo socorro. Um barco pequeno e rápido atendeu  aos roucos lamentos. Aproximou-se e atreveu-se a arriar um bote salva-vidas para nos ajudar... As autoridades da vila, considerando-nos   náufragos, deram-nos comida, abrigo e algum dinheiro, suficiente paraseguir viagem até Londres ou regressar a Hull.

Agora o texto mostra a nova situação em que se encontram os personagens. Os verbos de estado apresentam a nova situação dos personagens, ou seja, uma nova acomodação:

[..] Alojados em diferentes lugares, só fui encontrar meu amigo dois dias depois. Estava acompanhado pelo pai, o capitão do navio         naufragado, que então já sabia como eu embarcara,fugindo de casa.[..]

Em seguida, o texto retoma uma situação de acomodação, dando origem a novo conflito na vida do personagem:

[..] O homem não perdeu a oportunidade de dizer o que pensava: Meu   jovem, é melhor nunca mais embarcar num navio. Você quis viajar como experiência. Muito bem. Já teve a experiência. Aceite-a como um sinalde alerta…

Diante da nova situação, novas ações são acionadas pela vontade do(s) personagem(s):

[..] Argumentei, dizendo que também ele tinha naufragado e, pelo que podia imaginar, voltaria a correr os mares. O capitão      perdeu a  paciencia comigo:...

No final da narrativa, predominam os verbos de estado mostrando a situação final do conflito - o resultado: é o desfecho, que pode ser bom ou ruim.

[..] - Meu caso é diferente. Navegar é minha profissão e meu dever.  Deus do céu! O que fiz para ter um miserável destes no meu barco? Nem por mil libras voltaria a navegar com ele… Virou as costas e foi-se.
Professora de Língua Portuguesa - Glória E. Galli - Formação - Letras na UNAERP e Mestrado em Linguística pela UFSCar
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