ENEM proposta de redação: A ação criminosa na sociedade brasileira

Apresentamos uma proposta de um texto dissertativo-argumentativo para os estudantes que desejam treinar suas produções escritas. As redações que forem enviadas serão publicadas em páginas individuais (nome/pseudônimo) e ficam abertas à avaliação de professores voluntários. Os links correspondentes a esses textos estão listados abaixo do artigo.

Instruções para uma proposta de redação

Serão apresentados a você dois textos sobre o tema A AÇÃO CRIMINOSA NA SOCIEDADE BRASILEIRA. Leia-os com atenção e com base nas informações neles sugeridas e em seus conhecimentos, redija um texto com estrutura dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa. Apresente argumentos de forma coesa e coerente com o tema proposto e acrescente uma proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos. Use o rascunho para selecionar, organizar e relacionar seus argumentos.

Texto 1. A dialética do esclarecimento revisitada

(Le Monde Diplomatique Brasil – julho 2015 p.30)

"Num mundo em que principalmente novas tecnologias da comunicação mudam a todo instante, não há como não questionar o porquê de ainda termos de nos preocupar com fatos que decididamente remetem a uma barbárie arcaica."
por Helcio Kovaleski.

“Os índices alarmantes de mortes violentas causadas por homicídios, acidentes de trânsito e suicídios ocorridos durante o decênio 2002-2012, mostrados no levantamento Mapa da violência 2012 divulgado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso)[..] sugerem questionamentos que vão além da própria análise dos dados.”

Com esse enunciado, o jornalista Helcio Kovaleski introduz um artigo intitulado A dialética do esclarecimento revisitada, veiculado pela revista Le Monde Diplomatique Brasil, julho 2015, p. 30, sobre o qual tomamos para reflexão alguns pontos, os quais podem se tornar questões formadoras de opinião.

Nesse artigo, Kovaleski reflete sobre o Mapa da violência 2012 atendo-se apenas a um dado – o homicídio. Segundo o articulista, nesse ano, o país registrou 56 mil mortes violentas. O momento em que registraram tais dados, tempos de recrudescimento de posições reacionárias na seara político-partidária, congresso nacional conservador, a volta de preconceitos racistas, sexistas e de homofobia.

Dialogando com esta questão, o jornalista toma por reflexão a obra Dialética do esclarecimento, de Theodor W. Adorno e Max Horkheimer, cuja ideia central é mostrar que existe um conformismo das pessoas, e principalmente das instituições que, na contramão do espírito de evolução, não usam reais investigações em busca de soluções necessárias aos problemas altamente agravantes. Isso leva ao pensamento de que há um retrocesso na nossa cultura. Caso não se faça luz sobre questões cruciais, a consequência é uma disseminação de processos que corrompem a sociedade.

No ano de 2012, apesar das quedas apresentadas pela Campanha do Desarmamento e de outras iniciativas estaduais, houve mais de 56 mil homicídios. A pergunta que fica é se o Brasil está presenciando uma retomada da violência homicida. Segundo os dados, a evolução histórica da mortalidade violenta no Brasil assusta, pois o Mapa mostra um nível de violência aumentado, com vitimização juvenil alcançando proporções preocupantes.

O Mapa da Violência de 2014 apresenta magnitude na taxa de homicídio; dado alarmante diz respeito ao fator de discriminação: número de homicídios cai em jovens brancos e sobe para jovens negros. As taxas indicam elevação para o gênero masculino. Mais uma vez, Kovaleski retoma a fala de Adorno e Horkheimer “o passatempo pueril do homicídio é uma confirmação da vida estúpida a que as pessoas se conformam”.

O jornalista ao fazer um paralelo entre a necessidade de clareza e humanidade sobre as questões emergenciais e o modo com que elas são vistas, termina seu artigo indagando por que meios os governos federais, estaduais e municipais vão se dar conta da emergência desse quadro. Acrescenta ainda, que

“mais do que tentar compreender o porquê desses índices, não dá para aceitá-los sem uma profunda revisão de todos os métodos de prevenção e de coibição da violência.”

A redução da maioridade penal foi aprovada pela Comissão Especial para crimes violentos, faltando passar por duas votações em turnos no Plenário da Câmara. As questões relacionadas aos índices de violência demonstrados no Mapa deveriam ser revistas com profundidade tanto quanto todas as políticas voltadas à criança e aos adolescentes, revista a questão de cotas raciais. Que haja mais luz sobre os casos preocupantes que envolvem a sociedade.

fonte: A dialética do esclarecimento revisitada. Le Monde Diplomatique Brasil – julho 2015. Ano 8/ n.96. p.30. Texto adaptado por Gloria Galli. {:cite=recuo.lpeu}

Texto 2. Espremidos entre dois senhores

A polícia divide espaço com traficantes, acusam moradores do Alemão
(por Marcelo Pellegrini Filho)

Tomamos excertos do artigo citado acima para reflexão de categorias tais como criminalidade, conflito com polícia, traficantes, violência, afim de que constituir um embasamento teórico sobre questões nacionais. Este artigo é oferecido como texto motivador aos alunos em fase inicial de produção de textos dissertativo-argumentativos.

“O Ocupa Alemão, fundado em 2012, defende a desmilitarização dos morros cariocas. O coletivo justifica seu posicionamento com base nos casos de abusos policiais na comunidade, de invasões a festas de aniversário a casos extremos como a morte de Mário Lucas, de 18 anos, assassinado por um policial.[...] “Exposto a um cotidiano de violência frequente, Souza<sup>1</sup> , é cético em relação à presença da polícia nas favelas. “A UPP nunca tirou o tráfico de drogas, só trouxe uma falsa sensação de segurança para a classe média.”

“O Vácuo deixado pelo Estado, sempre se afirmou, abriu espaço para um poder paralelo. Sua presença, diz o ativista, não amenizou o problema. “Antes da UPP, éramos obrigados a responder ao traficante. Hoje, se algo acontece, não posso chamar a polícia porque o traficante vai ver. Também não posso chamar o traficante porque a polícia me vigia. Não temos a quem reclamar”, afirma Souza.”

“Criadas em 2008, as UPPs são a principal aposta do governo fluminense para restabelecer o controle das favelas e combater o narcotráfico. Funcionam? Nem tanto, segundo as estatísticas. [...]"

No entanto, há uma controvérsia entre dados estatísticos. A Secretaria de Segurança afirma que nas áreas dos Complexos Penha e Alemão houve aumento em 20% de roubos a residências e 28% a estabelecimentos comerciais. Por outro lado, a polícia afirma que houve aumento em apreensão de armas em 140% e redução de homicídios em 50%.

Segundo Rafael Balbo, outro integrante do coletivo, antes da UPP, as favelas estavam sob o domínio da facção criminosa Comando Vermelho, mas viviam em paz. Com a entrada da UPP, saiu o Comando Vermelho, mas entrou duas rivais: ADA (amigos dos amigos) e o Terceiro Comando.

“A polícia entra e escolhe qual facção quer aqui. Os policiais protegem o bandido lucrativo para eles e perseguem quem vai contra seus interesses. [..] Com o complexo dividido entre duas facções, muitos moradores são impedidos de visitar parentes ou transitar em áreas rivais."

nota:

  1. Integrante do Coletivo Ocupa Alemão.

Fonte: (Carta Capital. Ano XXI. Nº 858, julho_20015 (Coluna: Seu País. Rio de Janeiro, p. 34). Texto adaptado para estudo de produção textual por Gloria Galli. {: cite=recuo.lpeu}

Notas:

  • Não é necessário dar um título para a redação, ele está embutido na proposta-tema.
  • Redação com menos de 10 linhas será desconsiderada.
  • Fuga do tema implica em nota zero.
  • Escreva sua redação com letra legível.
  • Apresente fatos verdadeiros, evite o senso comum.
  • Evite expressões linguísticas informais (próprias da língua falada).

Lembre-se:
Tema > tese > argumentos > proposta de intervenção.

Ver redação

Professora de Língua Portuguesa - Glória E. Galli - Formação - Letras na UNAERP e Mestrado em Linguística pela UFSCar
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