Orações subordinadas adverbiais

As orações subordinadas adverbiais são aquelas que, em um período composto, completam o sentido da orações principais expressando relações de circunstâncias do que nelas ocorrem. Dessa forma, funcionam como adjuntos adverbiais das orações principais. Podem expressar circunstâncias de: finalidade, tempo, condição, proporção, conformidade, consequência, causa, concessão. Para identificar essas circunstâncias é preciso observar as conjunções ou locuções conjuntivas que ligam essas orações e observar qual o sentido que elas expressam junto às orações que elas introduzem. No geral, esses concectores são: para que, uma vez que, que, já que, sempre que, antes que, depois que, a fim de, apesar de, antes de, depois de. Dependendo do sentido que esses termos expressam, as orações são classificadas em:

Orações subordinadas adverbiais causais

Explicam a causa, o motivo do acontecimento ocorrido na oração principal. Portanto, entre as duas frases há uma relação de causa e consequência. A subordinada causal é, em geral, iniciada pelos concectores: porque, como, pois que, uma vez que, já que, dado que.

«A água começou a ferver porque atingiu 100º.»
«Voltou tarde porque estava na festa.»
«Não precisa fazer escândalo porque eu estou chamando sua mãe.»

Orações subordinadas adverbiais comparativas

Há uma comparação entre a subordinada e a principal. A principal conjunção é como. Nesse tipo de oração não é comum repetir o verbo na oração subordinada:

«Paulo é tão estudioso quanto Luana.»
Aquele indivíduo é esperto como raposa.»

Orações subordinadas adverbiais consecutivas

A subordinada exprime a consequência do que aconteceu na principal:

«A criança tanto pulou que caiu e mordeu a língua.»
«João é suficientemente trabalhador para conseguir esse emprego.»

A gramática tradicional considera como consecutivas as orações introduzidas por que na dependência de tão, tanto, tal, tamanho e locuções conjuncionais como de forma que, de maneira que, de sorte que, de maneira que, existentes na oração principal. Quando outros termos, semanticamente, aproximam dessas conjunções e/ou locuções, as orações que os compõem recebem tais classificações.

Orações subordinadas adverbiais concessivas

• Quando a subordinada exprime um impedimento, mas mesmo assim, a declaração da principal não se afetará. Os principais conectores são: embora, conquanto, ainda que, posto que, (se) bem que, apesar de que, apesar de:

«Mesmo que chova, eu irei à festa.»
«Apesar de ter muito trabalho, vou sair.»
«Ainda que você não queira, eu irei ao teatro.»
«Embora tenha chovido, iremos caminhar hoje.»

Orações subordinadas adverbiais condicionais

A subordinada exprime uma condição para que seja efetuado ou não o evento declarado na principal. A oração principal, que é subordinante, é designada por apódose e a subordinada, prótase.
A construção típica de uma condicional é formada por duas orações. A primeira introduzida por se e a segunda, por então. Mas, também outros conectores concorrem para esse tipo de oração: caso, se por ventura, salvo se, sem que, uma vez que, a não ser que, desde que, conquanto que, com a condição que:

«Se tivesse feito o trabalho<sup>1</sup>, teria conseguido aprovação no curso<sup>2</sup>

(1) Se tivesse feito o trabalho -> subordinada adverbial condicional (prótase)
(2) teria conseguido aprovação no curso -> or. principal (apódose)

outros exemplos:
«Se vieres cedo, iremos ao cinema.»

nota:
As orações subordinadas condicionais se realizam de três formas:
• Realização impossível
Representa uma hipótese irrealizável: verbo da oração principal e da subordinada representam ação completa:
«Se a prova tivesse sido hoje, eu teria me preparado melhor.»

• Realização possível
Tanto o verbo da oração principal quanto o da subordinada estão em ação incompleta. É possível que se dê a ocorrência do fato:
«Se ela me chamasse, eu iria correndo.»
«Sem que obtenhas o visto no passaporte, não viajarás.»

• Representa um desejo e esperança
(situações indefinidas, não claras: frases reticenciosas e exclamativas)
«- Ah, iria, se eu pudesse!...»

Orações subordinadas adverbiais conformativas

Geralmente iniciadas por: conforme, como, segundo, consoante etc. O fato expresso na subordinada está de conformidade com a declaração da principal. São orações deslocáveis:

«A decoradora arranjou a sala conforme lhe recomendaram.»
«Conforme lhe recomendaram, a decoradora arranjou a sala.»
«Luana conseguiu redigir o texto conforme a professora pediu.»
«A decoradora arranjou a sala conforme lhe recomendaram.»

Orações subordinadas adverbiais finais

A subordinada indica a finalidade do que foi expresso na principal. Geralmente iniciadas pelos conectores: para que, a fim de que, para, que (=para que), a fim de exprimindo fim ou propósito:

«Fizeram a excursão para conhecer os costumes daquela gente.»
«Sai cedo para chegar a tempo à aula.»

Orações subordinadas adverbiais locativas

Localizam as ocorrências expressas, tais como: onde, quem?

«Onde não há pão todos brigam e ninguém tem razão.»

Orações subordinadas adverbiais proporcionais

Quando a subordinada se manifesta em proporção à principal. No geral, iniciadas pelos conectores quanto mais ...(tanto) mais, quanto mais ....(tanto) menos e outros como: à medida que, à proporção que, enquanto. Essas orações não são deslocáveis – diz-se não possuem clivagem.

«Quanto mais rezo, mais fantasmas me aparecem.»
«Quanto mais trabalhador fores, melhor aluno serás.»
«Enquanto as pessoas avançam na montanha, a respiração torna-se mais difícil.»
«À medida que as pessoas avançam na montanha, a respiração torna-se mais difícil.»

Orações subordinadas adverbiais modais

A subordinada indica o modo em que ocorrem as expressões da principal. Geralmente reduzidas de gerúndio:

«Relatou os acontecimentos, contando todos os detalhes.»

Orações subordinadas adverbiais temporais

A subordinada marca o tempo ocorrido na principal. Os principais conectivos temporais: enquanto, quando, agora que, logo que, sempre que, assim que, antes que, de, depois que, desde que, cada vez que etc.

«Saiu antes que a esposa chegasse.»
«Quebrou a perna quando dançava.»
«Logo que a aluna viu a nota da prova, ela saiu da sala.»

Suporte para compreensão de análise de orações:

«Logo que a aluna viu a nota da prova, ela saiu da sala.»

Compreendendo o período:
2 orações:
«Logo que a aluna viu a nota da prova».
«Ela saiu da sala».

  • uma indica circunstância;
  • outra indica a ação principal.

Qual a principal e qual indica circunstância?
«Ela saiu da sala» (oração principal)
... quando? -> (circunstância temporal)
«Logo que ... viu a nota da prova

Portanto:
«Logo que viu a nota da prova»

  • oração subordinada adverbial temporal
    «Ela saiu da sala (a aluna).»
  • oração principal

Outro exemplo:

«Isso é um sinal da natureza<sup>1</sup> para que<sup>2</sup> os homens percebam a consequência de suas ações<sup>3</sup>

(1) oração principal
(2) marca (conjunção) que induz uma circunstância de finalidade / introduz nesta frase oração adverbial final/ a locução conjuntiva para que está em relação com o verbo SER na forma flexionada 'é' da oração principal).
(3) oração subordinada adverbial final

nota:
Para Mira Mateus, a subordinação adverbial compreende apenas as condicionais, causais, finais, concessivas e temporais. Para a autora, as comparativas, as consecutivas e as proporcionais não têm conotação adverbial.

fonte consultada:
Gramática da Língua Portuguesa. Mateus, M.H.M. Editora Caminho:Lisboa. 2003
Moderna Gramática Portuguesa. Bechara, E. Editora Lucerna:Rio de Janeiro. 2006
Othon Garcia - Comunicação em prosa. Processos sintáticos. Rio de Janeiro. 2004. Apontamentos linguísticas - processo graduação. {: class=recuo.lpeu}

Ver também Orações subordinadas adverbiais - classificação

Professora de Língua Portuguesa - Glória E. Galli - Formação - Letras na UNAERP e Mestrado em Linguística pela UFSCar
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